29 de maio de 2018

O Mito da Caderneta de Poupança

Muitas pessoas se veem reféns de produtos de baixíssimo retorno como a caderneta de poupança pela tradição que este tem na nossa sociedade, pela confiança na modalidade de investimento e sua solidez e, além disso, pelo fato dos rendimentos serem isentos de imposto de renda, mas sabendo que o seu dinheiro  pouco rende ao longo do tempo na poupança, por que muitos insistem em não descobrir um mundo novo de possibilidades e variedades de investimentos?

Possivelmente a primeira palavra que vem à cabeça dos brasileiros quando se pergunta sobre investimentos é a "Poupança" e isso é plenamente justificável, afinal a mesma foi instituída por Dom Pedro II nos tempos imperiais (fonte), ou seja, no Brasil há uma tradição de mais de 150 anos nesta aplicação, nossos pais, avós e talvez até mesmo bisavós tiveram contato com este tipo de produto financeiro, o que passa muita segurança e solidez a quem recorre a este mecanismo. Isso é muito pouco para justificar a enorme resistência da população à migração para outras opções mais rentáveis como o Tesouro Direto e CDBs, por exemplo.

Muito se fala sobre o conhecimento do povo acerca da caderneta e dos seus respectivos rendimentos, mas gostaria então que alguém se pronunciasse, em detalhes, quanto rende ao longo do tempo este investimento? Não vale copiar a informação do site do Banco Central! O cálculo da rentabilidade é tão complexo quanto às alternativas que citei logo acima:

- Quando a SELIC atinge patamar igual ou inferior a  8,50% ao ano, 70% desta respectiva taxa mais TR;
- Nos demais casos, 0,50% ao mês (ou aproximadamente 6,17% ao ano) mais TR;

O que será que é essa TR, afinal? (Taxa Referencial - Wikpedia) Você depositaria seu dinheiro sem nem ao menos saber como se calcula isso? Então não me venha defender a caderneta de poupança com o argumento que você sabe facilmente o retorno que terá.

Outros dirão que a segurança é insuperável! Pois bem, a poupança é efetivamente segura, conta com a cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) num limite de até R$ 250.000,00, por CPF e instituição bancária no caso desta ser liquidada pelo Banco Central, exatamente a mesma garantia oferecida por CDBs, LCIs, LCAs e LCs, produtos que facilmente oferecem rentabilidades superiores!

Quem sabe alguns dirão que a liquidez os faz manter seu dinheiro depositados nesta aplicação centenária. Neste caso fique sabendo que, embora o saque da caderneta de poupança estar disponível no dia seguinte a aplicação, você não terá rendimento algum em prazo inferior a 30 dias, enquanto CDBs com liquidez diária te oferecem a mesma possibilidade, mas rendendo a partir do primeiro dia (claro que incide IOF dentro do prazo de 30 dias, mas mesmo assim sendo superior a caderneta no curtíssimo prazo).

Isso tudo nos leva ao último argumento: Não há cobrança de Imposto de Renda sobre os rendimentos da Caderneta de Poupança! O brasileiro tem pavor do fisco e a ideia de ter que pagar algo ao governo na sua declaração de ajuste anual justifica, mesmo no final das contas, uma rentabilidade inferior a demais opções no mercado, tão seguras quanto, tão acessíveis quanto e com tanta liquidez ou mais que a caderneta. Fique você sabendo que há alternativas também isentas de IR, como LCIs e LCAs (se procurar bem até mesmo em liquidez diária) e no caso de precisar acertar contas com o Leão, os investimentos em renda fixa tributáveis (Tesouro Direto, CDBs e LCs) são tributados diretamente na fonte, ou seja, nada será cobrado diretamente do investidor, pois este já recebe o retorno do investimento da instituição financeira com os devidos tributos pagos. Cabe ao contribuinte apenas informar estes valores no seu ajuste anual, assim como já faz com a Caderneta de Poupança, desde que se enquadre em pelo menos um dos critérios exigidos pela Receita Federal para precisar entregar a Declaração.

Com tudo isso mostrado acima, por que mais de 60 milhões de pessoas tem dinheiro aplicado na Poupança no Brasil? Este é o preço da ignorância, do medo, da falta de curiosidade e de interesse em aprender sobre o seu próprio dinheiro, e que é pago mês após mês, ano após ano, por mais de 60 milhões de brasileiros. E você, quanto dinheiro tirou dos seu bolso este mês por simples ignorância ou teimosia?

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