Qualquer
pessoa que tenha o mínimo apreço ao seu suado dinheiro sabe que pesquisar é uma
das saídas para que o salário chegue até o fim do mês e, com um bocado de
sorte, até mesmo sobrar para algum gasto futuro ou para aquele agradinho a
alguém especial ou para você mesmo. Nos momentos de dificuldades como este que
passamos percebe-se ainda mais a evidência do tema na mídia: inúmeras são as
reportagens sobre compras coletivas no atacado; diferenças expressivas sobre o
material escolar das crianças (em alguns casos superando os 100% para um mesmo
item); sobre os chocolates na Páscoa; os produtos das ceias de fim de ano e por
aí vai...
Na Construção Civil este assunto não
seria diferente, afinal são centenas, até mesmo milhares de insumos que fazem
parte de uma obra: desde pregos e arames; passando por cimento, areia e brita;
até os acabamentos como tintas, cerâmicas, louças, metais e produtos de limpeza
para a finalização da obra. Contudo, disseminou-se uma cultura que apenas três
orçamentos são suficientes para encontrar um preço adequado, será mesmo? Qual
pode ser a origem desta ideia?
Há inúmeros estudos sobre a maneira
de agir dos humanos que mostram que o processo de escolha de qualquer coisa é
facilitado quando se apresenta uma terceira opção, seja no tamanho da pipoca do
cinema ou na bebida (pequena, média ou grande) enfim, não é o objetivo deste
blog ir a fundo no funcionamento do cérebro humano e tenho sérias dúvidas que
seria este o motivo deste número, o três, ter se fixado na mente da população.
Este critério de comparação pode ter sido adotado intencionalmente (ou não) pelos
nossos legisladores à época da redação da Lei de Licitações e Contratos na
Administração Pública, a famigerada Lei Nº 8.666 de 21 de Junho de 1.993 que
solicita um número mínimo de três propostas para dar andamento aos processos
licitatórios afim de se ter um valor de referência dos preços praticados no
mercado, talvez este comportamento popular tenha esta origem.
Qual sua pipoca:
pequena, média ou grande? Neste caso a porção média tem como objetivo
impulsionar as vendas da porção grande.
Atualmente é muito fácil fazer
pesquisas de preço, pode-se utilizar os canais de venda disponíveis na
internet, solicitar cotações por e-mail, telefone, e de vários fornecedores ao
mesmo tempo. Quem diria, há sites especializados em comparação de preços hoje
em dia! Será que apenas três orçamentos são suficientes para retratar os preços
praticados pelo mercado? Quantas cotações devo obter? Dez, vinte, seria um
número adequado?
Para responder estas perguntas é
preciso relembrar o que foi citado logo acima: na Construção Civil podem ser
utilizados centenas ou até mesmo milhares de insumos a depender do porte do
empreendimento, logo, despender tanto tempo assim pode não ser interessante ou
até mesmo inviável. Para auxiliar neste dilema pode-se apelar a um método
estatístico, neste caso em particular vou tratar do método exposto no livro
"Como Preparar Orçamentos de Obras, de Aldo Dórea Mattos, da Editora PINI:
Fórmula exposta no
livro "Como Preparar Orçamentos de Obra, de Aldo Dórea Matos, Ed. PINI
Onde tem-se que:
NC = Número mínimo de cotações;
s² = Variância da amostra;
xi = Valor de uma cotação;
x = Média das cotações;
N = Número de cotações colhidas.
Vamos
seguir com um exemplo, neste caso uma breve pesquisa online sobre latas de
tinta acrílica na cor branca, embalagem de 18 litros, todos do mesmo fabricante:
Estão
tabulados valores de oito diferentes fornecedores e seus respectivos preços
para exatamente o mesmo produto, a média é calculada para a amostra tal qual a
variância da mesma (programas de planilhas eletrônicas contam com fórmulas
prontas para estes dois itens da expressão), quando as variáveis são colocadas
na expressão do número de cotações obtem-se 4,33, ou seja, um número mínimo de 5
cotações já traria representatividade à amostra. Neste caso a pesquisa se
mostra suficiente. Caso o NC seja muito alto provavelmente algum preço
pesquisado se encontra relativamente acima dos demais, então é válido retirá-lo
da amostra para se evitar distorções e então repetir o processo.
Caso a
situação seja de elaborar um orçamento é recomendável adotar o valor médio da
amostra e não o valor mais barato encontrado. Isso se explica na possibilidade
de haver um hiato de tempo entre a cotação e a aquisição do produto, não sendo
possível sua obtenção pelo mesmo preço quando na execução, evitando estouro de
orçamento. Geralmente nesta situação o orçamento já foi aprovado, então
qualquer ganho obtido em condição especial, negociação ou venda em quantidade
fica com o emissor do orçamento, assim como no caso contrário, com as perdas.
Se a
pesquisa é simplesmente para aquisição, não há problemas em se escolher o
fornecedor que ofereça a melhor condição de negócio, seja o menor preço,
procedimento de entrega, prazo ou confiabilidade.
Olá Guilherme,
ResponderExcluirConcordo com o texto, acho que é importante que o construtor tenha clara noção dos preços médios antes de fechar negócio.
Qualquer economia é válida, R$ 0,50 por saco de cimento, por saco de prego, por ferragem já dá uma grande diferença no custo total da obra!
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Abraço e sucesso com o blog!