18 de janeiro de 2017

TRÊS ORÇAMENTOS SÃO REALMENTE SUFICIENTES PARA PESQUISA DE PREÇOS?



Qualquer pessoa que tenha o mínimo apreço ao seu suado dinheiro sabe que pesquisar é uma das saídas para que o salário chegue até o fim do mês e, com um bocado de sorte, até mesmo sobrar para algum gasto futuro ou para aquele agradinho a alguém especial ou para você mesmo. Nos momentos de dificuldades como este que passamos percebe-se ainda mais a evidência do tema na mídia: inúmeras são as reportagens sobre compras coletivas no atacado; diferenças expressivas sobre o material escolar das crianças (em alguns casos superando os 100% para um mesmo item); sobre os chocolates na Páscoa; os produtos das ceias de fim de ano e por aí vai...
            Na Construção Civil este assunto não seria diferente, afinal são centenas, até mesmo milhares de insumos que fazem parte de uma obra: desde pregos e arames; passando por cimento, areia e brita; até os acabamentos como tintas, cerâmicas, louças, metais e produtos de limpeza para a finalização da obra. Contudo, disseminou-se uma cultura que apenas três orçamentos são suficientes para encontrar um preço adequado, será mesmo? Qual pode ser a origem desta ideia?
            Há inúmeros estudos sobre a maneira de agir dos humanos que mostram que o processo de escolha de qualquer coisa é facilitado quando se apresenta uma terceira opção, seja no tamanho da pipoca do cinema ou na bebida (pequena, média ou grande) enfim, não é o objetivo deste blog ir a fundo no funcionamento do cérebro humano e tenho sérias dúvidas que seria este o motivo deste número, o três, ter se fixado na mente da população. Este critério de comparação pode ter sido adotado intencionalmente (ou não) pelos nossos legisladores à época da redação da Lei de Licitações e Contratos na Administração Pública, a famigerada Lei Nº 8.666 de 21 de Junho de 1.993 que solicita um número mínimo de três propostas para dar andamento aos processos licitatórios afim de se ter um valor de referência dos preços praticados no mercado, talvez este comportamento popular tenha esta origem.


Qual sua pipoca: pequena, média ou grande? Neste caso a porção média tem como objetivo impulsionar as vendas da porção grande.

            Atualmente é muito fácil fazer pesquisas de preço, pode-se utilizar os canais de venda disponíveis na internet, solicitar cotações por e-mail, telefone, e de vários fornecedores ao mesmo tempo. Quem diria, há sites especializados em comparação de preços hoje em dia! Será que apenas três orçamentos são suficientes para retratar os preços praticados pelo mercado? Quantas cotações devo obter? Dez, vinte, seria um número adequado?
            Para responder estas perguntas é preciso relembrar o que foi citado logo acima: na Construção Civil podem ser utilizados centenas ou até mesmo milhares de insumos a depender do porte do empreendimento, logo, despender tanto tempo assim pode não ser interessante ou até mesmo inviável. Para auxiliar neste dilema pode-se apelar a um método estatístico, neste caso em particular vou tratar do método exposto no livro "Como Preparar Orçamentos de Obras, de Aldo Dórea Mattos, da Editora PINI:

Fórmula exposta no livro "Como Preparar Orçamentos de Obra, de Aldo Dórea Matos, Ed. PINI

Onde tem-se que:

NC = Número mínimo de cotações;
s² = Variância da amostra;
xi = Valor de uma cotação;
x = Média das cotações;
N = Número de cotações colhidas.

            Vamos seguir com um exemplo, neste caso uma breve pesquisa online sobre latas de tinta acrílica na cor branca, embalagem de 18 litros, todos do mesmo fabricante:


            Estão tabulados valores de oito diferentes fornecedores e seus respectivos preços para exatamente o mesmo produto, a média é calculada para a amostra tal qual a variância da mesma (programas de planilhas eletrônicas contam com fórmulas prontas para estes dois itens da expressão), quando as variáveis são colocadas na expressão do número de cotações obtem-se 4,33, ou seja, um número mínimo de 5 cotações já traria representatividade à amostra. Neste caso a pesquisa se mostra suficiente. Caso o NC seja muito alto provavelmente algum preço pesquisado se encontra relativamente acima dos demais, então é válido retirá-lo da amostra para se evitar distorções e então repetir o processo.
            Caso a situação seja de elaborar um orçamento é recomendável adotar o valor médio da amostra e não o valor mais barato encontrado. Isso se explica na possibilidade de haver um hiato de tempo entre a cotação e a aquisição do produto, não sendo possível sua obtenção pelo mesmo preço quando na execução, evitando estouro de orçamento. Geralmente nesta situação o orçamento já foi aprovado, então qualquer ganho obtido em condição especial, negociação ou venda em quantidade fica com o emissor do orçamento, assim como no caso contrário, com as perdas.
            Se a pesquisa é simplesmente para aquisição, não há problemas em se escolher o fornecedor que ofereça a melhor condição de negócio, seja o menor preço, procedimento de entrega, prazo ou confiabilidade.

Um comentário:

  1. Olá Guilherme,

    Concordo com o texto, acho que é importante que o construtor tenha clara noção dos preços médios antes de fechar negócio.

    Qualquer economia é válida, R$ 0,50 por saco de cimento, por saco de prego, por ferragem já dá uma grande diferença no custo total da obra!

    Sobre o blog: Para ter mais acessos, troque blogroll com os demais colegas da Blogosfera e busque novos parceiros de blog de construção na internet (eu lembro que tentei, achei poucos p/ adicionar).

    Abraço e sucesso com o blog!

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